25/07/2012

Ex-delegado Antônio Lima, de Ourolândia, é condenado a 17 anos de cadeia em regime fechado


Depois de cerca de 14h e, por unanimidade, isto é, por sete votos a zero, os jurados condenaram o ex-delegado de Ourolândia, Antonio da Silva Lima, de 57 anos, o Antonio Lima, por homicídio, duplamente, qualificado, ou seja, sem chance de defesa e por motivo fútil contra o agricultor, Espedito Isaías Cavalcante, de 36 anos.
O crime aconteceu, em 19 de novembro de 2000. Com isso, o magistrado Dr. Vicente Reis Santana Filho aplicou a pena de 17 anos de prisão em regime fechado.
O júri popular ocorreu, na terça-feira, dia 24, no Fórum Jorge Calmon, no centro de Jacobina.
A pena passa a valer, imediatamente, ao resultado do julgamento, contudo, o condenado já encontra-se detido desde maio de 2008 no presídio de segurança máxima de Serrinha, na região de Feira de Santana. Na época, Antonio Lima foi preso durante uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), por porte ilegal de armas e formação de quadrilha.
Aliás, além de já está respondendo a Justiça baiana por mais esses dois crimes, o assassino também deverá ser julgado, em breve, por tortura contra a mesma família da vítima executada, em 2000, fato acontecido, em 1° de março de 2001, no Sítio São Bento, há cerca de três km do centro de Ourolândia.
O processo, por sua vez, aguarda a realização de audiências de instrução e julgamento pelo Poder Judiciário de Jacobina. Neste caso, Antonio Lima poderá pegar de quatro a dez anos, pelo crime hediondo, agravados pelo o fato de ser então agente público.
Na ocasião, ele, o seu bando, juntamente, com policiais civis de Jacobina liderados pela então delegada-titular daquela cidade, Aída Ferreira, prenderam de maneira arbitrária e torturaram membros da referida clã, formada por pessoas ordeiras e trabalhadoras rurais.
Além disso, o agora condenado roubou mais de R$ 4,5 mil reais da prole, além de documentos pessoais, inclusive de crianças. Por outro lado, durante o julgamento a defensora da família, a promotora pública Dra. Bianca Geisa Santos Silva cumpriu o seu papel de guardiã da lei com maestria e, com isso, convenceu o corpo de jurados a formar o seu juízo de valor que resultou na aludida condenação do réu confesso.
Afinal, mesmo estando trabalhando no caso a, aproximadamente, um ano, a Dra. Bianca Silva estudou com afinco o processo. Na realidade, no começo a apuração do crime foi feita pelo promotor, Dr. Luiz Alberto Lima Figueiredo, na sequência, em parceria com os colegas Dr. Luciano Pita Santos e Dr. José Jorge Meireles de Freitas, apoiados pela Procuradoria-geral de Justiça baiana.
Na segunda-feira, dia 23, a promotora em contato eletrônico com este repórter afirmou que faria o máximo de esforço para provar a culpa do réu. Afinal, a materialidade do crime estava, devidamente, comprovada nos autos. Informada que o então delegado vivia cometendo barbaridades contra cidadãos inocentes, em Ourolândia, sobretudo, no final da década de 90 até 2001, quando foi exonerado do cargo pela Justiça, a Dra. Bianca Silva lamentou o fato de as vítimas não representarem o tirano a Promotoria Pública. Em suma, de 89 a 2001, o município registrava uma onda assustadora de furtos, roubos e de assassinatos.
Em sua maioria, segundo moradores entrevistados, na época, eram atribuídos ao próprio delegado e seus comparsas. Já a família do agricultor executado comemorou o resultado do júri popular. Portando roupas pretas em sinal de luto e protesto e exibindo cartazes com palavras de ordem como, por exemplo, “lugar de assassino é na cadeia e o papel da polícia é proteger o cidadão e não matar”, mais de dez parentes da vítima acompanharam, atentamente, o desenrolar do julgamento.
Por sua vez, o único lamento dos familiares é que uma das testemunhas de defesa, Válter Barberino Rios, o Valtinho, ex-guarda municipal de Ourolândia e fiel escudeiro do condenado não consta do processo em tela. Na prática, a família tem uma testemunha ocular, que, hoje, reside, em São Paulo, que presenciou o momento em que dupla de assassinos rendeu o agricultor, por volta das 15h, na Praça da Rodoviária, no centro. O próprio Antonio Lima confirmou a participação do cúmplice na execução dias depois numa entrevista ao jornal Tribunal Regional. Aliás, a matéria está acostada aos autos.
No texto, cujo título é: O assassinato de “Bila Marques”, numa alusão ao apelido da vítima, ele diz que viu o trabalhador em atitude suspeita, segundo ele, portando um revólver, mas, a arma nunca foi encontrada. Cinicamente, depois de judiar e humilhar o lavrador algemado disse que atirou sem olhar, tendo em vista, que o agricultor teria “reagido” na descida da Serra do Tombador, próximo a Jacobina. Detalhe: o tiro letal foi disparado na cabeça da vítima. “Infelizmente, o tiro veio a atingi-lo”, narrou o delegado.
Em contato com a autora da denúncia contra Antonio Lima, ela garantiu que vai procurar a Promotoria Pública nos próximos dias para que a autoridade competente oficialize a Polícia Civil a abrir inquérito para apurar a virtual participação de Valtinho no crime.
“Queremos uma vitória completa em nome da honra do nosso querido irmão”, concluiu que preferiu não ser identificada.
Por Ferreira Santos, é jornalista paulista, que cobriu e acompanha o caso desde aquela época, em conjunto, com o colega Ricardo Almeida.(Corino Urgente)

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