11/04/2012

No Junco distrito de Jacobina, Carreta tomba e comunidade saqueia carga

Má conservação da BR 324 provoca acidente com carreta carregada com mais 800 sacas de milho. O motorista, único ocupante do veículo, saiu ileso. “Ninguém morreu, mas este milho vai matar a fome de muita gente”, disse José Antônio de Souza, quando questionado se o acidente havia provocado vítima fatal. O pequeno agricultor respondeu sem levantar o olhar, já que estava muito ocupado colhendo grãos embaixo do veículo tombado. Freneticamente dezenas de pessoas pegavam o que podiam. Veículos automotivos, de tração animal, carroças de mão, tudo servia para transportar o milho que ficou esparramado por uma área de mais de 1000m². A carreta vinha do município de Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano, na manhã da terça-feira, dia 10, e seguia para a cidade de Garanhuns no estado do Pernambuco, quando na madrugada desta quarta-feira, 11, às 2h, saiu da pista e a falta de acostamento provocou o acidente nas imediações do povoado do Junco a 40 km de Jacobina. Segundo o motorista, Genivaldo Cavalcanti Junior, a falta de acostamento e o enorme desnível da pista foram o que causou o acidente. Informações do carreteiro ainda dão conta de que o veículo e a carga não são seguros. A Polícia Rodoviária Estadual esteve no local tentando conter a população, mas segundo informações de um agente o pequeno contingente foi insuficiente para o grande número de populares. Dona Maria de Lourdes Gonçalves, 74 anos, justificou o ato da sua família por conta da estiagem que assola a região e falta de ações dos governos. Filhos e netos ajudavam a anciã a carregar as quatro sacas de milho que “conseguiram”. “Eu não queria, não é do meu coração fazer isto, mas a gente vai morrer de fome é milha filha? Cadê os governos que só prometem e nada fazem?”, questionou com um sorriso desconfiado, peneirando os grãos que se misturaram a terra vermelha. Recentemente, a falta de acostamento na BR 324 provocou outro acidente. O motorista que transportava granito do município de Ourolândia para a capital baiana, não teve a mesma sorte de Genivaldo Junior e acabou morrendo no local. (Tamara Leal)


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