Vá lá que o governador Jaques Wagner declare que não faz seu estilo reivindicar cargos de ministros e dos nomes que estavam no poder e foram excluídos por Dilma não indicou um sequer. Compreende-se, mas é estranho na medida em que os governadores geralmente desejam ver os seus estados representados no ministério, até para ajudá-los na gestão, reivindicando recursos para obras. Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos foi à exaustão das suas forças para manter Fernando Bezerra no ministério da Integração Nacional. Manteve-se intransigente e conseguiu. Aliás, no primeiro governo, Jaques Wagner declarou várias vezes que foi ele que indicou a Lula o então deputado Geddel Vieira Lima, de quem hoje é adversário, para o ministério que hoje é do pernambucano Bezerra.
Não pretendo comparar os dois governadores, o da Bahia e o de Pernambuco, até porque esse tipo de julgamento do que ambos fazem em seus estados se tornou lugar comum em todas as conversas políticas na Bahia. Nós temos um brilhante ministro, Jorge Hage, na Corregedoria Geral da União, indicado que foi por Waldir Pires para ser seu segundo quando ocupou aquele cargo. Hage está em Brasília, vive lá de há muito e fez a sua carreira nacional também no Distrito Federal. Primeiro (há cerca de 20 anos ou mais), como juiz concursado e aprovado em primeiro lugar.
Na Bahia, Hage foi prefeito de Salvador na gestão Roberto Santos, nos anos 70. Ficou metade do mandato, se elegeu depois deputado estadual duas vezes, foi destaque em ambas na Assembleia, foi deputado federal também com brilhantismo. Mesmo assim acabou derrotado, na última eleição disputada. Constrangido, arrumou então suas malas e se mudou para Brasília onde se tornou juiz, também com intenso brilho.
Wagner, se não pediu vaga no ministério, creio que foi um dos poucos governadores da Bahia a que não faz, porque a importância de uma unidade federativa depende da sua representatividade no concerto federativo. Mesmo assim, embora ele negue, quem indicou indiretamente Afonso Forense, foi ele. O deputado demitido do cargo foi para o ministério porque estava compondo o governo petista baiano como secretário. Se assim não fosse, como deputado federal de primeiro mandato, ninguém saberia da sua existência. O governador – e isso é fato - não está sendo tratado com correção pelo governo da União. Ele é amigo da presidente, mas fica por aí. O que adianta? Ele foi informado da demissão de José Sérgio Gabrielli e surpreendido com a demissão dura, feia, quase grosseira de Florence. A outra ministra, Luiza Bairros, que também era sua secretária, comanda um ministério nanico. É gaúcha, não dá para passar como baiana.
O governador declarou que o PT deveria pedir os ministérios para a Bahia. Mas, por que o PT? Porque aqui os baianos foram generosos votando em massa em Lula e Dilma? Porque foi aqui, nessas terras generosas que Lula obteve a maior votação do País? O governador, que me perdoe, se equivoca mais uma vez. Seus argumentos não convencem ao mais tolo dos tolos em política.
O que é o PT senão um partido igual aos demais? Um balaio de interesse. A cúpula da legenda não está nem aí para a existência da Bahia, a não ser na hora do voto. Os integrantes da legenda vivem a disputar espaços políticos, cargos, querem o que puder levar da República em termos de posições (essa frase pode conter dois entendimentos) e mais nada.
O PT não vai fazer campanha a favor do Nordeste. A pretensão é estranha. Que sentimento de brasilidade... O partido, como a maioria das legendas, nasceu em São Paulo. Usa viseira para ter foco apenas para o Sul-Sudeste. Por essas bandas, os governadores que gritem. Que trabalhem, batalhem junto ao Palácio do Planalto e ministérios. Que gritem, exijam porque representam o povo. Para isso foram eleitos. Ao que me recorde sempre foi assim. A bancada da Bahia no Congresso Nacional pode se rebelar com o desprezo a que fomos relegados. Por que não? Só se resolve, só se atende reivindicação para os estados nordestinos quando se ameaça. A bancada federal é para isso. É para representar os interesses da unidade, e não para ficar chacoalhando em Brasília assistindo a outros estados crescerem e nós ficarmos para trás. Caminhando como caranguejos. Nós não estamos num bom momento. A começar pelo desastre de Salvador.
Jaques Wagner diz que seu foco está na ferrovia Oeste-Leste, no porto sul e na ponte Salvador-Itaparica, não em ministros para a Bahia. A ferrovia e o porto não saem no governo dele (espera-se que sim) porque o governo federal não ajuda nem é cobrado. Já a ponte é uma quimera. Talvez lá para o ano 2020. Talvez... Melhor é não sonhar com ela. De certa maneira, se outra fosse a Federação, se outra fosse a concepção de governo federal no Brasil o governador poderia estar certo.
Os acontecimentos que ocorrem e balançam o Congresso Nacional demonstram, no entanto, que não é bem assim. Dilma não sabe patavina de política. Com as medidas que tomou na Câmara e no Senado embaralhou tudo, porque não tem assessoramento competente na área. Não tem, no momento, Lula para ajudar aconselhando-a sobre o que dizer e fazer. O resultado é esta confusão estabelecida compondo um ambiente de conturbação congressual.
Devo dizer que as crises são normais no Senado e na Câmara, mas não desse jeito que acontece. Em Brasília, os políticos falam mal da presidente pela sua forma de tratamento. Pavio curto e destemperado, não aprendeu com os antigos que, em política, se pega mosca é com açúcar, não com vinagre. O PR pegou sua trouxa (bem fornida) e deixou o governo em direção à oposição. Nesse caso, já vai tarde. É partido de banquete. Mas, de outro modo, não necessitava colocar Eduardo Braga como líder do governo, um neófito da Amazônia, em lugar do carimbado (e complicado) Romero Jucá, justo o principal inimigo de Alfredo Nascimento, o ex-ministro do PR demitido, numa boa medida, pela presidente, por suspeitas de corrupção nos Transportes. De resto há um estado de estupefação. Ninguém se entende..
fonte:www.bahianoticias.com.br
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