23/03/2011

Número de registros no SPC foi reduzido em 297,7 mil

Grande negociação entre credores e devedores favoreceu a saída em massa do órgão de proteção ao crédito
O saldo no fluxo de inadimplentes cadastrados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em Fortaleza apresentou uma drástica queda no mês de fevereiro. 297,7 mil registros foram retirados do cadastro, representando a maior redução desde julho de 2008, quando 351 mil deixaram a inadimplência.

Os dados pertencem ao Radar do Comércio, levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) -, divulgado, ontem, a partir de dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza.

De acordo com o analista de políticas públicas do Ipece, Alexsandre Cavalcante, o impactante número se deveu a uma grande negociação entre credores e devedores, que saíram, em massa, do SPC.

A reportagem buscou mais informações com a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, mas não conseguiu entrar em contato com o superintendente Antônio Carlos Rodrigues até o fechamento desta edição, para comentar o resultado.

Termômetro
Conforme a pesquisa, as consultas ao SPC, consideradas outro importante termômetro do comércio, apresentaram evolução, crescendo 14% de janeiro para fevereiro e anotando 645 mil contatos, 82 mil a mais do que no primeiro mês do ano. Ante igual período de 2010, a alta é ainda maior: 24,7%.

Os números otimistas da consulta ao SPC, aliados ao maior número de pessoas com acesso ao crédito para fazer compras mantiveram a atividade do comércio aquecida, mas não foram capazes de fazer com que o setor atingisse o mesmo patamar de fevereiro do ano passado. 

A geração de empregos no comércio foi 18% inferior à assinalada em igual mês de 2010 (432 vagas contra 530). Apesar de modesto, o número de postos de trabalho criados começa a atenuar os estragos de janeiro, quando 1.206 pessoas foram demitidas nos estabelecimentos comerciais da Capital, em virtude do fim das datas comemorativas, nas quais o movimento se intensifica e o quadro de funcionários é fortalecido.

De acordo com Alexsandre Cavalcante, o mês de fevereiro possui desvantagens sazonais e os índices de vendas não costumam apresentar grandes ascensões. Prova do arrefecimento é a queda do consumo de energia na atividade comercial, que registrou o menor nível desde agosto de 2010, com apenas 134 GWh (Gigawatts/hora) consumidos, valor 5% menor do que o de janeiro.

Março movimentado
No entanto, ele projeta, para os resultados de março, uma possibilidade de incremento. "Com o Fortaleza Liquida, o mês de março, que normalmente tem vendas modestas, está ganhando força", analisa Cavalcante.

Durante dez dias, de 17 a 27 de março próximo, será realizada a segunda edição do Fortaleza Liquida. O evento pretende movimentar mais de R$ 150 milhões no varejo do Estado em 2011, superando em 30% o desempenho da campanha no ano passado, quando as vendas do período somaram em torno de R$ 120 milhões. A perspectiva é de participação de três mil lojistas, mais de 60% sobre o número de participantes de 2010.

Acima do País
Em janeiro, conforme dados que integram a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo cearense manteve o ritmo de crescimento acima da média nacional, com incremento de 12,2%. O resultado atingido pelo Ceará deixou o Estado na segunda colocação entre os nordestinos, ficando atrás apenas da Paraíba, onde os varejistas puderam comemorar vendas 19,4% maiores. No acumulado de 12 meses, a expansão alcança 13,9%.

Consultas
14% foi a evolução, em fevereiro, no número de consultas ao SPC, consideradas um importante termômetro do comércio. Foram 645 mil contatos, contra 82 mil assinalados em janeiro.

COMÉRCIO E INDÚSTRIA

Arrecadação de ICMS cai em fevereiro

Acumulado com cobrança do tributo em fevereiro caiu 18,8% no comércio e 16% na indústria cearense
A arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) do comércio de Fortaleza, em fevereiro, foi 18,8% menor do que o valor arrecadado em janeiro. No mês passado, o imposto somou um montante de R$ 176,6 milhões no setor, ante R$ 217 milhões do mês imediatamente anterior. O valor de janeiro é uma forte base comparativa, pois deteve a maior cifra com o ICMS dos últimos 12 meses.

De acordo com Alexsandre Cavalcante, Analista de Políticas Públicas do Ipece, as chuvas deste início de ano atrapalharam as vendas e, consequentemente, diminuíram a arrecadação de impostos.

Clima influencia
"Além de um fator sazonal inerente a fevereiro, houve ainda a questão do clima, que obrigou mais pessoas e ficarem em casa", afirma. Em relação a fevereiro do ano passado, no entanto, a arrecadação da atividade comercial apresentou crescimento de 15,4%.

No primeiro bimestre deste ano, o comércio acumula arrecadação de R$ 394,2 milhões na Capital, quantia 16,6% superior a de igual período de 2010.

A indústria também assinalou redução na arrecadação do ICMS, com R$ 51,4 milhões. Foram 16% a menos do que o obtido em janeiro deste ano. O valor de fevereiro foi o menor registrado pela indústria desde março de 2010, quando a quantia foi de R$ 42,5 milhões.

Produção estável
Na maior parte dos outros indicadores industriais, a estabilidade foi mantida. O número de horas pagas aos trabalhadores e a produção física praticamente não tiveram mudança de janeiro para fevereiro. Já as exportações cresceram 6,27%passando de US$ 72,1 milhões para US$ 76,6 milhões. O consumo de energia na indústria subiu 10,6% no mês passado. (VX)

VICTOR XIMENESREPÓRTER

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